quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Despertar


O dia amanhece parecendo prometer boas notícias... Acima de sua cabeça, uma janela, cujos raios de sol entravam curiosos e sorrateiros... Vidros a fora, pássaros cantavam uma sinfonia que só lhe pedia dança.

Pé em sonho, pé no chão, ele levantou, tal quais todos os dias, com sua rotina programada, abriu a janela, deu bom dia ao dia, coçou a cabeça, esfregou os olhos tentando retirar os resquícios de sono, partiu ao banho... Aquela água que começava a se aquecer, ainda lhe remetia ao aconchego de seus cobertores, que lhe aqueceram na noite de frio que acabava de passar.

Pensou por um instante que o dia seria longo, mas desejou: “será lindo!” e prosseguiu... Logo após se vestir, seu café da manhã o aguardava, agradeceu – comeu – partiu.

Em meio à descoberta, às vezes interessantes, às vezes tediosas, do conhecimento.. viu o vento através da janela, que brincava de balanço com as flores, ali ao lado. Sorriu.

Seu dia era janela. Através de todas que olhou, viu coisas boas. As do quarto, as do carro, as do ônibus, as da sala.. as do céu.

Quantas vezes quis se permitir a ir além, e as janelas estavam fechadas por estar chovendo.. mas é verão! O sol esquenta até a alma, nordeste.

Na estação que pode não ser a mais propícia ao amor, as janelas se abrem, quem não tem portas, usa-as. Quem tem super-imaginação, as vê como portões. Quem não tem, pega um banco, usa como apoio e vai. Quem nada vê, estagna-se - espera -não vem.

E foi assim por todo dia, olhando por janelas e rindo. Foi lindo. Cansou, isso é inegável, mas se permitiu.. meio tonto, meio firme, experimentou o desejo e mais uma vez sorriu, e isso de tudo que viu.. voltou no chacoalho para casa, rindo e com a esperança de ser tudo perfeito mais uma vez, afinal.. quem só espera portas se abrirem, imagina sempre que as janelas estão fechadas.
 Piettra